"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




sábado, 5 de maio de 2012

A bebida liberada

 Uma bebida está liberada ...

no encontro de amigas
no bate-papo

no trabalho

                                                            
no passeio, etc.
   Aqui no sul do Brasil, um dos hábitos dos gaúchos que mais chama a atenção de brasileiros de outras regiões é o de tomar chimarrão. O gosto é amargo, mas talvez seja a bebida que mais adoça o coração. Observe uma pessoa ¨solita chimarreando¨, ela não parece tão só assim, porque está em companhia de uma paz imensa. Os gestos para servi-lo são lentos, precisam de cuidado devido ao manuseio da água quente, enquanto isso o pensamento vagueia. 
kit chimarrão
Se o chimarrão for servido numa roda de peões e prendas, ao mesmo tempo que aproxima as pessoas, também não tem distinção hierárquica conservando a ordem da roda.
Um dia eu me surpreendi ao passar por uma  avenida e ver os jovens conversando e quase todos tomando chimarrão. A boa impressão que tive deles é que ao invés de tomarem uma bebida alcoolica, dizerem ou fazerem bobagens, estavam tranquilamente conversando, rindo e tomando uma bebida a base de erva-mate. 
No caminho para o trabalho me admira o senhor que todas as manhãs, bem cedinho, no verão ou no inverno, está sempre em frente a sua casa tomando um chimarrão. 
As reuniões de negócios podem ter um caráter sério, inflamar discussões e ter decisões difíceis para serem tomadas, mas tudo isso é amenizado com um bom chimarrão.
Se alguém combina um encontro a primeira pergunta sempre é: vais levar o chimarrão? ou então: já tô preparando o chimarrão!
Na beira da praia, numa sala de cinema, na feira, na viagem, na hora dos estudos, qualquer lugar é ideal para o nosso mate amargo.
Na falta serve até cuia improvisada
O horário é muito variado, mas alguns são tradicionais como: antes do desjejum, antecipando o almoço e no entardecer. O dia pode estar com um frio intenso ou um calor infernal, o ¨chima¨ é gostoso do mesmo jeito.
Há pessoas que oferecem aos seus convidados alguns petiscos para acompanhá-lo: amendoim, pipoca, rapadura, desde que não sejam uma ameaça ao sabor da erva mate. 
Histórias de antanho, piadas, causos são contados servindo-se e passando de mão em mão, sempre pelo lado direito do cevador (aquele que serve o mate). Roncar a bomba até sugar todo o líquido, não é gesto de mau educado, pelo contrário, significa respeito ao próximo da roda. 
A mateira (espécie de maleta adaptada) carrega o kit-chimarrão contendo a cuia, a bomba, a erva-mate e uma térmica. Há cuias bem grandes, outras pequenas, bombas simples ou desenhadas ou com o nome do dono e térmicas forradas em couro para combinar, mas não é esse requinte que torna o chimarrão melhor. O chimarrão é muito simples e o que faz o bom chimarrão é o gosto bem amargo, a temperatura quente, o clima de amizade e principalmente, a tranquilidade que ele irradia.
A prova está que só de ler sobre o bom hábito de tomar um chimarrão- tu já ficaste bem calminho, tchê! 

                                                                 Cuias

mateiras
Links:
Inspiração paulista para ilustrar poeticamente às fotos do álbum:
                                                                
Vale a pena ler!!!

2 comentários:

  1. Até hoje não aprendi a fazer chimarrão. E não foi por falta de boa vontade dos professores. Pedi uma cuia no Natal. Ganhei, mas ela ainda tá zerada. Que barbaridade, né?! :D

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  2. Experimenta, vais apreciar uma roda de chimarrão com teus amigos.
    So não esquece de curtir a cuia, antes de usá-la. Mais informações sobre isso: http://www.vivernocampo.com.br.
    Bjs

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