Fonte:Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=xUjfFY4BgwY&feature=player_embedded
Trecho da radionovela O direito de nascer (Rádio Nacional - Anos 195
Tive a sorte de curtir os últimos anos das famosas novelas de rádio. Era criança e lembro que minha mãe lavava a louça do almoço acompanhando o desenrolar da trama sempre cheia de suspense.Na quadra todas as mulheres naquela hora paravam suas atividades domésticas para ouvir o rádio.
Na nossa imaginação, os personagens tinham corpo e alma. Os vilões eram odiados e os protagonistas tinham milhares de fãs que torciam por um final feliz. Toda novela sempre tinha um casal apaixonado que sofria com a inveja dos outros, os desencontros, as reconciliações. Os maldosos traiam, faziam conchavos, mentiam, maltratavam e injustiçavam. Nós como ouvintes, reclamávamos, nos emocionávamos, em vão até tentávamos avisar sobre as maldades prevenindo à "mocinha", por exemplo. E, ansiosos, aguardávamos o desfecho no próximo capítulo.
As mães brigavam com as crianças quando elas nem tão interessadas, falavam alto bem na hora do principal diálogo. Não havia repetição e uma fala mal entendida atrapalhava o entendimento do enredo.
Os sons da porta ao abrir, do tiro, do tombo, do choro, da risada de deboche, tudo complementava as interpretações dos atores.
O último capitulo era esperado com surpresa e ansiedade. Enfim, a novela se passava na nossa imaginação com caras e bocas diferentes.
Para quem nunca viu uma novela sem imagens talvez seja difícil entender como as pessoas podiam se entusiasmar apenas ouvindo, mas aos que acompanharam, através do rádio, as mais belas tramas com certeza terão boas lembranças e saudades destes enredos imaginários.
