"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Tudo por causa da Menina

Os cachorros abandonados nas ruas estão entregues à sorte e assim cada um segue seu destino.
Conheça a história destes quatro cachorrinhos.



Gostou? Então se inscreva no meu canal (AGORINHA MESMO) no YouTube , deixe um comentário
e acompanhe o blog e os vídeos. Obrigada pelo incentivo!
                                                                                                  MCarmo

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A terceira idade chegando...

Há tempos assisto diariamente os vídeos do Youtube e vejo que tem muito conteúdo interessante, alguns curiosos, outros informativos, bastante sensacionalismo como atrativo de público e muitos específicos para o público jovem.
Por outro lado, muito pouco direcionado à pessoas na faixa acima dos 45 anos que já começam a ter uma preocupação: a vida com um idoso. Ou será: um idoso na sua vida?
Idosos não faltaram na minha existência desde que nasci.
A diferença de 53 anos entre meu pai e eu construiu com o passar do tempo um afeto especial a todos os vovôs . (Tema que já falei várias vezes, por aqui.) https://agorinhamesmo.blogspot.com.br/2016/07/a-heranca-dos-avos.html

Depois tê-lo conosco até os seus bem vividos 101 anos (e 5 meses) e cuidar com todo carinho e atenção que eu e meu marido pudemos dispensar foi um grande aprendizado.
Sendo assim começo "Agorinha Mesmo" a postar nos vídeos no canal  mais um conteúdo INÉDITO direcionado para compartilhar as sugestões de cuidados e estratégias para filhos e família cuidar de seus idosos.
Quem se interessar pelo tema é só acompanhar no Youtube, mas não se esqueçam de dar um "ok" se gostarem, comentarem e se inscreverem para incentivar a continuidade.
Porque se esse assunto não servir para os outros pode ser que, um dia, possa ser útil para os nossos filhos. Vou garantir, né?


Link
-Canal "Agorinha Mesmo": https://www.youtube.com/watch?v=JSp5rT0B6V0

-Série: A vida com um idoso: https://www.youtube.com/playlist?list=PLJkywxq4abg-vlOwyAaVzeO1gzV_yeZAW

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Quase igual

Aconteceu conosco um fato bem parecido com esse do vídeo abaixo. Meu marido teve que solenemente pedir ao meu pai para namorar comigo. Não somos tão velhos assim, mas acontece que eu era filha única de pais nascidos em 1908 e 1925, logo ele  não dava a mim a mesma liberdade que tinham as minhas amigas com pais jovens. A minha mãe até concordava, mas era ele que autorizava as decisões mais sérias.
Assim que o Paulo, meu marido, com 25 anos teve que se justificar perante o velho Cabral, porque estava "rondando" com tanta insistência. E eu ,aos 16 anos, fui obrigada a seguir as regras rígidas para namorar.
Tinhamos dia e horário certo para namorar. Lembro que eram às terças, quintas, sábados e domingos das 20h às 22h no sofá da sala, muitas vezes acompanhados pelos meus pais e mais a programação da tv.
Ao chegar a hora de encerrar o namoro se o Paulo se demorasse, meu pai tossia e desligava a televisão como forma de aviso. A despedida era na frente da casa sem muita demora. Os demais dias só nos víamos na entrada da escola.
Sair sozinha de moto ou carro, nem pensar!
Fomos a algumas discotecas e bailes de carnaval no clube, mas sempre acompanhados.
As minhas amigas já saiam sozinhas com os namorados, mas eu não podia.
Assim é que em 2 anos estávamos casando. Afinal quem aguentaria tanta pressão?
Hoje são belas lembranças, continuamos juntos desde 1977, há 39 anos e muito felizes.


Obs: Compartilhado do Facebook página "Papo 10- Amor verdadeiro" como ilustração ao tema do post.

Deixe apenas pegadas

A praia é linda e extensa, mas algumas pessoas não deixam somente pegadas na areia por onde passam. Parecem personagens semelhantes ao menino da história do "João e Maria" que marcava o caminho com pedrinhas. Assim vão deixando um rastro de lixo. São garrafas, sacolas, papéis... Uma infinidade de restos de tudo. Então a essas devemos lembrar: leve seu lixo com você e descarte em lugares apropriados. Na praia só deixe suas pegadas.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A primeira vez

Pois é, em tudo sempre tem a primeira vez. Essa semana foi a minha primeira vez. Eu gosto bastante de tecnologia e tudo que aprendi foi garimpando na internet e trocando lições com quem já sabe.
Sou da geração bem anterior. Aquela que não brincou com videogames e que o mais "tecnológico" era feito na máquina de escrever. Contudo eu aprendo por curiosidade e fui acompanhando meus filhos (33 e 30 anos) e hoje domino razoavelmente essa área. Diria que "dá pro gasto".
Eles, às vezes, se surpreendem com meu aplicativo, meu canal no YouTube ou o blog. Dizem que nem sabem como eu chego lá. Isso que eles não viram o SoundCloud nem o Paltalk funcionando.
Só que dar conta desses aprendizados faz com que em cada dispositivo tenha ícones de todas as ferramentas e acesso direto por senha salva.

Enfim, perdi pela primeira vez um celular. O levinho, bem cuidado , lindinho e novo LG.
Tudo organizadinho e um cartão de memória zerado, coberto por uma capinha preta.
Caiu da bolsa, na grama, ao descer do carro.
Alguém achou quando vibrou por causa das insistentes chamadas que fiz. Estava bem pertinho, no canteiro em frente à escola onde trabalho. Fiquei sabendo por uma aluna que viu tudo.

Pensei então: Tudo bem, perdi, não é o fim do mundo. Acontece com  muitos e eu não vou ficar triste por causa de um mero celular. Tem coisas mais importantes na vida para se lastimar.
Concordo comigo mesma.  - Mas tô morrendo de saudade do meu celular. Pode isso?

Que absurdo!!

                                                Imagem: divulgação das Lojas Ponto Frio

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Uma luz no fim do túnel

Um país conectado, informado , mas tão desvinculado do amor em geral. É assim  que observo esse momento.
As notícias chegam na hora, no entanto elas só revelam violência, mentiras, tragédias, crimes. Para amenizar a tristeza que abate o telespectador divulgam em pequenas doses uma ação beneficente, um ato de solidariedade, de honestidade. Contudo é tão pequeno diante dos demais que nem chama a atenção.
Somos bombardeados, diariamente, por fatos que nos trazem o medo e a desconfiança. Não dá para acreditar em nada: a lei da semana passada já não vale mais, passa uns dias e ela retorna; o remédio que  "tratava" o doente era uma falsificação; o alimento foi adulterado, etc.
Talvez sejam saudades de um tempo em que os olhos não viam, nem os ouvidos escutavam para que o coração não sentisse. Hoje estamos vendo e ouvindo duras realidades. Sabendo verdades.
Espero escrever sobre um tempo que irá passar e logo. Espero que ainda possa ver o inverso disso tudo. Sou esperançosa. Quero ver um mundo "conectado" pelo amor ao próximo, pelo respeito, pela ética.

Ilustro essa postagem com esse vídeo:
Essa senhora resolveu fazer alguma coisa em prol das crianças e adolescentes e criou um personagem para falar a eles com humor sobre as maldades do mundo  (violência, drogas, bulling, preconceito, ...) e de que forma evitá-las.
Assista o vídeo e entenda a sua boa intenção
https://www.youtube.com/watch?v=4NYxsZ5HDOA





quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Sem palavras

Garimpando pelo You Tube encontrei esse lindo vídeo. Não vou comentar pois acho que as imagens falam tanto que qualquer palavra seria insignificante.
Olhe e reflita!


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Será que é DPAC?

Durante os longos anos no exercício do magistério me perguntavam com frequência como eu aguentava aquele barulho das crianças. Confesso que é muito barulho mesmo. Na época, eu dizia que aqueles sons já eram normais ao meu ouvido e que, ao final do dia, usava de uma estratégia pessoal: desligava a percepção auditiva. Não sei se isso é possível, mas eu realmente não prestava tanta atenção a fim de aguentar 8 horas, com 25 vozes infantis por turno.
O silêncio até era necessário em alguns momentos da aula, mas como tratava-se de educação infantil, evidentemente, se restringia a um curto prazo.

O tempo foi passando e a cada ano parece que as crianças vinham mais gritonas.
Eu questionava se eram os pais que não educavam as crianças para que não falassem aos berros e procurava não elevar a voz para não estimular o grito.

E o tempo foi passando... Hoje 36 anos depois continuo na escola, mas descobri que o barulho dos alunos realmente agora me incomoda, me desequilibra, tira minha concentração. Será que as crianças estão falando ainda mais alto, todas ao mesmo tempo?

Não, as crianças falam tanto quanto os meus primeiros alunos. Eu é que não tenho mais a mesma capacidade auditiva. Percebo que os sons se confundem e isso me perturba bastante. Aprecio o silêncio como nunca. Ouço música em volume baixo.

Devo estar com um cansaço auditivo?
Sim. Descobri pesquisando na internet que existe o DPAC - Distúrbio de Processamento Auditivo Central. E eu devo ter alcançado esse nível, afinal já era hora!


* Esse link é para você que se interessou pelo assunto e  que talvez esteja como eu.
http://nogueirense.com.br/voce-escuta-mas-nao-entende-conheca-o-disturbio-de-processamento-auditivo-central/

Para ter uma ideia dos sons a que me levaram ao posível DPAC assista o vídeo que preparei em homenagem aos 70 anos da nossa Escola (Estou nela há 30 anos- é uma vida!!) Espero que gostem!


sábado, 24 de setembro de 2016

Ponto de partida e chegada

Não é novidade para ninguém que a vida é uma passagem.
Essa semana foi assim. Um grande amigo partiu.
Foi muito difícil, mas ao mesmo tempo nos deixou muitas lições.
Não dá para deixar para depois o que tem de ser dito ou feito. Não dá para guardar sentimentos: ame, ame, ame!- porque quando chegar a hora alguma coisa acontecerá, apenas para justificar a partida.
Da mesma forma é o nascimento.
Pode ser um atropelo, mas se tem que acontecer - virá e pronto!
Assim foi com o filhotinho da cadela das ciganas. Um mês antes chocou-se com um carro, mudou de lugar na barriga da sua mãe, mas nem por isso desistiu da vida. Na madrugada de 22 de setembro, ele "aportou" nesta terra.

Oh! Bichinho guerreiro! Seja bem-vindo, seu Pinguinho! É chegada a tua hora.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Um dia primaveril

Hoje o dia amanheceu ensolarado anunciando a primavera.
Que os ventos da estação tragam alegrias e muito amor.
Ao abrir a janela avistamos uma linda construção sob o poste de luz. É o João de Barro, que cedo começou a moldar o seu ninho de amor.
Que seja muito feliz esse casalzinho!



terça-feira, 20 de setembro de 2016

Triste incógnita

Hoje, 19 de setembro de 2016 foi um dia de reflexão, de dúvidas e de intensa oração.
Nosso vizinho e amigo, um senhor de 80 anos, muito ativo e com saúde preservada em relação a idade, não retornou para casa. Faz 24 horas que os familiares e amigos o procuram. As pessoas nas redes sociais compartilham a triste notícia e pedem a colaboração de todos.
Seu carro foi encontrado numa valeta, sem marcas de violência, mas o nosso amigo, não.
Um vazio.
A sua casa é ao lado da nossa e parece o retrato do "nada".
Ele que vinha cortar a grama, pintar as grades pra ferrugem não corroer, colocar um pote de água para os animais da rua, hoje não veio.
Onde estará essa pessoa do bem?
Cadê aquele senhor gentil que amarrava uma sacola com bombons no portão da nossa casa, agradecendo pelos jornais velhos?
Que sempre passeava com o seu cachorro antes de voltar para à cidade?
Que , muitas vezes, de manhã cedo, até com chuva vinha ao balneário para dar ração ao "Simbad"?
Que, por ser arteiro, subia na árvore e cortava sozinho os galhos que encostavam nos fios elétricos?
Que se mantinha discreto?
Hoje, ninguém sabe dele. A noite já chegou e não temos notícias.
Que nossas orações sejam ouvidas e que onde estiver, nosso velho amigo, seja amparado por Deus.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Canal do blog no Youtube

Hoje criei coragem e depois de muitas edições e reedições publiquei a chamada para o canal "Agorinha Mesmo" no Youtube.
Como todo o início, está singelo. Além da chamada, tem dois vídeos que produzi com minha colega de trabalho Alice Pires que esclarece muito bem sobre a "Sala de Recursos". Um vídeo que ajuda, principalmente aos pais, a entender esse valioso trabalho psicopedagógico que auxilia a aprendizagem de alunos com deficiências.
Qualquer pessoa que assisti-lo além de adentrar ao ambiente de escola e ainda ouvir a sirene que ambienta o "estúdio" de gravação. (kkkk)
Bem, espero que os leitores gostem dos vídeos que forem publicados! E que continuem acompanhando o blog, pois neste eu me garanto.
O futuro deste canal a DEUS pertence e que Ele nos abençoe para que este trabalho tenha bons e uteis encaminhamentos.

entos.

*Se você gostar, dá um incentivo se inscrevendo no canal. Obrigada.



segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Grupos na internet

Hoje, a quantidade de grupos nas redes sociais é enorme, mas ao mesmo tempo, também vejo que as pessoas reclamam por estar neles inclusas. Se for um grupo com muitos membros, em pouco tempo, você terá uma lista grande de mensagens. Dependendo do perfil dos adicionados, se estes enviam em excesso mensagens de otimismo ou piadinhas pode se tornar cansativo. Temos que concordar de que gente inconveniente tem em todo lugar, inclusive na internet. Contudo essa seleção de amigos, geralmente só virtuais, favorece a opção: "sair do grupo" , silenciar ou bloquear.
Aprecio pessoas que, ao invés de reclamar, são sinceras e justificam sua retirada do grupo com delicadeza, de forma gentil.
Ser indiferente e não responder às perguntas do grupo é pior do que se retirar.
Muitas vezes, você foi incluído num grupo por um amigo, mas o interesse dos membros não coincide com o seu,  então por que insistir ou se incomodar? Saia, educadamente e pronto o problema foi resolvido.


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

NOVIDADE! Aplicativo do blog para celular

Agora os leitores e seguidores podem acompanhar as postagens, fotos e playlist de vídeos pelo aplicativo do "Agorinha Mesmo". Atualizações diárias das 18h às 21h.

O endereço é

http://app.vc/agorinhamesmo


Que tal?

domingo, 28 de agosto de 2016

O ser invisível

"Sempre existirá algum momento da vida em que você se percebe como um "ser invisível". Se alguém negar essa afirmativa é porque naquele episódio foi imperceptível a si mesmo, tanto que nem notou o quanto não era visto pelos outros. 
O centro de interesses das pessoas que não o(a) incluem e que , mesmo sem intenção, desprezam completamente a sua pessoa. Porém, você continua ali semelhante a uma estátua fria e paralisada, a quem nem os olhares lhe direcionam. 
Sorte sua se você estiver calado, porque falar para um grupo que não lhe escuta ou vira a cabeça somente por causa do ruído de sua voz é deprimente.
Já observei várias situações em que as pessoas não incluem a todas na conversa e não significa fazer uma determinada pessoa falar (se o desejo dela é só ouvir), mas dirigir o olhar, fazer-lhe uma pergunta, sorrir para ela. 
Quando se percebe nitidamente que alguém está isolado, porque não tem opinião a respeito do assunto tratado ou porque não gosta de discutir, o simples olhar durante a fala é uma forma de incluí-la na conversa.  Isso é socializar.
Essa exclusão discreta que transforma a pessoa neste "ser invisível" é frequente com idosos ou pré-adolescentes numa roda de conversa. O primeiro é excluído e o segundo se exclui, com aquele ar de pouco caso.
O que ocorre é que devemos nos educar para a nossa inclusão e para a dos outros. 
Fazer caras e bocas ou se mostrar indiferente é se sentir superior. Achar que o idoso não pode acompanhar uma conversa porque está desatualizado é menosprezar sua inteligência e experiência. Em ambos, os casos é ignorância. 

domingo, 21 de agosto de 2016

Talentosos que se perderam

Outro dia vi a oferta de um curso de desenho de croquis de moda e logo lembrei de uma colega de escola, franzininha, humilde, chamada por todos de Mariazinha. Pois bem, ela desenhava croquis femininos maravilhosos, As modelos eram altas e magras com uma bonita silhueta e apresentavam a moda social e chique. A dúvida era de onde ela tirava aquele traçado e aquele dom estilista? Se nem do espelho era. E vieram a minha lembrança também os outros talentos: a portuguesa Sofia que declamava poesia, a poeta Sérgio que misturava as palavras e criava lindos poemas, e tantos outros.
Vai saber onde andam? O que foi feito dos seus dons?
Quantos guardaram na gaveta da recordações mas na continuidade da vida se perderam para sempre?
Devíamos dar mais atenção a essas preciosidades que vem de "antes", que nem curso precisa porque já tem uma técnica aperfeiçoada. O que vem da natureza nem sempre é para toda a vida, porque a própria existência pode colocar barreiras de preconceito, desprezo e anulação.
Prestai mais atenção a tudo que vem sem chamado.

sábado, 20 de agosto de 2016

Universo virtual

No século XXI, você pode habitar o planeta Terra, mas se não estiver incluso no universo virtual, há a possibilidade de tratar-se de uma pseudo-existência.  É desta maneira que são interpretadas as pessoas que fogem das redes sociais. Elas evitam aparecer , mas é quase impossível que em algum momento não sejam flagradas.
Você pode relutar, resistir, negar ou desviar-se, até o momento crucial que alguém fotografe o público e, sem querer, sua pessoa aparece em foco. A partir daí todo restante do mundo lhe encontrará facilmente. Se tiver seu nome em algum lugar logo constará na pesquisa do Google.
Há pessoas que não participaram das redes sociais e faleceram, então seus amigos muito entristecidos postam o horário do enterro ou da missa de 7º dia com a foto do falecido. Não adiantou tanta resistência ao mundo virtual, inserido no último minuto.
Sem levar em conta a ressurreição - a partir daí a viúva, os amigos dão vida ao falecido. Ele aparece no jogo clássico de futebol, num passeio no fim de semana, no sofá da sala. Aquele que nem era lembrado agora está mais vivo do que nunca.
O interessante é que para muitos não basta estar numa só rede, nem mesmo se for a mais acessada. Para "existir" de fato tem que aparecer as postagens no Facebook, no Instagran, no WhatsApp, Linkedin, no Twitter, etc. Sem esquecer de atualizá-las com uma foto ou frase do dia, de frente, de costas e de perfil.
Aquela célebre frase " o cara morreu e esqueceram de avisá-lo" está valendo.
Se não quiser aparecer no mundo virtual não peça para nascer.



terça-feira, 26 de julho de 2016

A herança dos avós

Talvez tenha me atrasado para chegar nesta existência, por isso não deu tempo de conviver com meus avós legítimos. Deles soube apenas as histórias que me contaram: um era José, o pai da minha mãe , um português, fiel trabalhador que no intervalo do serviço passava em casa para tomar o cafezinho da tarde. Ele casou-se com minha vó Laura, que além dos cinco filhos, cuidou outras crianças como babá. Ela foi a única que tive contato por poucas vezes até que o Alzheimer lhe tirou toda a memória.
Meu avô paterno chamava-se Constante, era professor em escola rural, muito calmo e apreciava os livros. Dele acho que recebi o gosto por ensinar e a calmaria que me acompanha. Era casado com a vó Avelina, muito braba, agitada e decidida, morava no campo do Albardão. Dela, acho que só herdei o alongamento do nariz.
No entanto "essa falta de vó" não me acomodou, adonei-me do carinho e afeto de todos os vovós e vovôs que cruzaram pelo meu caminho. E, ultimamente, achei uma vó-cigana que tem alegrado minhas tardes.
De todos herdei lembranças e ensinamentos carregados de carinho.
Neste dia, ofereço essa sincera homenagem a todos, vocês, vovôs e vovós!!

domingo, 26 de junho de 2016

Linda mensagem!


Música de Oswaldo Montenegro.

sábado, 14 de maio de 2016

Novos vizinhos e o diário de uma amizade


No início do ano recebemos vizinhos novos - os ciganos.
À primeira vista, eram um tanto "estranhos".
Nós, moradores mais antigos, não somos donos da rua, a qual todo novo residente precise se identificar, mas logo na chegada dos ciganos, exclamamos: ihhhhh!

Foram muitos os olhares atentos de todos sobre qualquer movimentação. Algumas reclamações surgiram, mas todas se fundamentavam na resistência aos "novos vizinhos'.

_Será que vão tumultuar? Farão muito barulho? ...

O tempo foi passando e os vizinhos, na verdade, só são muito insistentes e estão sempre pedindo coisas. No mais, sem problemas.



Mas, ao contrário, o que os ciganos diriam de nós, os vizinhos-que deveríamos agir como "anfitriões"?
Talvez nos achem antipáticos, fechados ou mal-educados.

Entre meias-conversas ouvi a queixa das ciganas de que alguns vizinhos as ignoram e nem cumprimentam. Em tom de desabafo, uma delas, a mais idosa  relatou-me que as pessoas sempre pensam que os ciganos furtam, que pegam as crianças, proveniente de um preconceito antigo.
Eles, no entanto, não querem desavença com ninguém, oferecem as mercadorias (panelas, lençóis, edredons, etc)  porque vivem do comércio.
A cultura e os hábitos podem ser diferentes, contudo é o nosso egoísmo e o preconceito que nos segrega.
Eis então, aqui, uma oportunidade para agir de outra forma - sermos mais acolhedores, compreensivos e amorosos. Foi com essa proposta que passamos a olhar nossos novos vizinhos com mais carinho e aceitação.

Hoje, passados seis meses, os ciganos continuam por aqui. Nós já conhecemos alguns de seus hábitos, suas reações, suas dificuldades de se comunicar.
São um retrato do vizinho de antigamente: aquele que dá "bom-dia", pede um pouco de açúcar, chama para uma conversa e que percebe quando nos ausentamos.
Outro dia, sai e quando voltei ouvi de uma das ciganas:" Onde é que tu estavas? " Coisa rara, hoje em dia, em que mal vemos os vizinhos e alguns nem conhecemos direito.
Sem contar que, os ciganos trouxeram alegria a uma quadra de gente muito "sisuda".
Algumas vezes é bem verdade que são "espaçosos", comparados aos outros vizinhos. Falam alto, gritam, usam dialeto próprio e incompreensível, mas movimentam a pacata rua.
Não são nada envergonhados, conversam com todas as pessoas que passam. Utilizam-se de um recurso estratégico para puxar conversa: perguntam as horas a cada uma delas.
Quando vão à nossa casa, batem palmas e nos chamam de "queridos". ( Nem sei se merecemos o adjetivo.)
Seus probleminhas domésticos são compartilhados conosco - é o cano que entupiu, os fósforos que acabaram,  etc. A maioria deles é analfabeta, então pedem para lermos as bulas, para anotarmos endereços, telefones.
Querem ajuda pra muitas coisas, mas já estou convencida que a ajuda deles tem outro objetivo: APROXIMAÇÃO! E por quê não? Qual o problema?



Novos vizinhos- Parte 2-  A cordialidade   Escrito em 07/06/2016

Agora, de vizinhos apenas, passamos a parceiros. Já nos chamamos pelos nomes e
somos cordiais uns com os outros.
Emprestamos alguns objetos: ferramentas, por exemplo,  mas sabendo que sempre é preciso buscá-los depois.
Os ciganos aceitam tudo que lhes dermos, pois são pessoas muito simples e humildes.
As mulheres gostam bastante de conversar, os homens são mais reservados.
Soube que casam-se muito cedo e o matrimônio acontece de preferência entre famílias ciganas. Na tenra idade, os filhos já são prometidos em casamento pelas famílias. Noivar aos 10 anos é muito natural e casar aos 15, mais ainda. O casamento é oficializado entre os ciganos, sob um ritual,  mas não é realizado no cartório como registro civil.
As festas de enlace duram três dias com muita música e comilança.
Hoje eles não vivem mais em barracas, preferem alugar casas, mais práticas e espaçosas, que possam se adequar ao estilo cigano. Na verdade, é quase um acampamento debaixo de um teto. 
As mulheres solteiras podem usar calça comprida, mas as casadas vestem somente saias longas.
As viúvas andam com o cabelo preso.
Isso tudo tomei conhecimento nas conversas diárias, geralmente depois do almoço, quando elas sentam-se ao sol.


Novos vizinhos- Parte 3 - Os hábitos e costumes    Escrito em 20/06/16

A rotina dos ciganos é voltada às negociações . Negociam um corte de grama por um refrigerante, um cesto de roupa lavada por um preço acessível. E desta forma, as mulheres vão conseguindo se manter.
Enquanto isso, os progenitores vão para a estrada vender edredons para os colonos. Alguns dias depois ou ao final do dia voltam para reabastecer a casa de alimentos e suponho - pagar as contas.
Quase todos mesmo sendo analfabetos, se utilizam e entendem um pouco da tecnologia dos celulares, tablets, videogames. Quando há necessidade de ler alguma coisa, pedem para as pessoas. Não se intimidam. Por causa do analfabetismo na residência não há revistas, livros, calendários, papéis, nem canetas. Isso não tem serventia para eles.
Costumam se perder no tempo, adivinham as horas e não se interessam muito por datas.
A alimentação é a base de muita gordura, condimentos e farinhas. Utilizam pimentas no cardápio.
Os ciganos daqui, agora já estão mais socializados , habituaram-se a devolver as coisas que pedem. (Isso nos deu um cansaço, mas foi um avanço.)
A partir daí começamos também a receber deles alguns presentes como: pães, sopas, arroz com leite, comidas ciganas. Estranhamos o tempero, mas alguns estavam bem gostosos. Tentamos retribuí-los com algumas pratos ou doces gostosos, também.
Trouxinhas de repolho
Alguns hábitos são diferentes dos nossos, por exemplo, elas estendem as roupas sem prendedores.Tudo que foi lavado é exposto na rua, em dia ensolarado ou no meio da cerração, apenas dobrado sobre as cordas, nos muros, nas grades igual como nos acampamentos.
Os tapetes e colchões são colocados no chão ao sol diariamente, sem preocupação em ser discretos.
As mulheres não produzem nada artesanal, apenas realizam as lidas domésticas e cuidam das crianças. A educação não estimula à fala nem aos nossos hábitos de higiene, mas são bem pacientes com os pequenos. Não costumam levá-los à praça nem oferecer muitos brinquedos. Se distraem só com o que tem pra brincar!
Pela própria convivência o vínculo afetivo está aumentando. Já somos mais tolerantes, outros vizinhos já conversam com eles, mas alguns ainda estão ariscos até ao cumprimento. Azar, destes!! Não sabem os amigos que estão perdendo.


Novos vizinhos - Parte 4 - A grande festa        Escrito em 27/06/2016

Os ciganos foram convidados para um casamento importante, de famílias de "ricaços".
Os preparativos começaram há um mês. O assunto girava em torno da grande festa.

As ciganas prepararam os cabelos, as saias , os sapatos. Até que chegou o dia da viagem - é hoje!

A festa está prometendo ser famosa entre a comunidade cigana. Vem gente até do exterior. Coisa fina!
A alegria é contagiante entre elas.
Os dois cachorros que adotaram vão ficar. Pediram para nós darmos uma "cuidadinha" na casa e neles. Já compramos ração extra para a "Guria" e o "Lobo".

A camioneta está carregada de roupas, travesseiros e cobertores. É só dar a partida!





Novos vizinhos - Parte 5 - Os cuidadores  Escrito em 27/06/2016


E eles então deram a partida. Como toda família na hora da saída sempre ocorre um estresse, reflexo da ansiedade, mas enfim foram para o tão esperado passeio.

Antes disso. as ciganas pediram perfumes, espelho, pinça de sobrancelhas, esmalte, etc. Estavam radiantes de felicidade!


Parte 6- Outro dia                        Escrito em 30/06/2016

Chegamos na casa da praia, à noite e encontramos as chaves dos ciganos penduradas no portão, bem à vista. Qualquer um poderia pegar. Eram três chaves. Suponho que além da chave do cadeado do portão, as outras fossem da casa.
Com tanta violência e roubos, ficamos surpreendidos com o desprendimento deles e o tamanho da confiança de que iríamos cuidar dos animais (dois cachorrinhos) e da casa.
E foi o que fizemos durante três dias. Sendo que no primeiro, o cachorrinho -filhotão, o Lobo, estava muito abatido. Não queria nem caminhar nem comer.
A sorte é que com muita paciência e carinho, ele foi melhorando pouco a pouco.
A quadra ficou sem movimento. Sem gritos. Sem graça.
Acho que é como vai ficar, o dia que forem embora para outro lugar.
Depois de três dias eles chegaram. Gritando e batendo palmas como sempre.

Parte 7 - Troca de gentilezas e os estudos

Agora é assim. Tudo de bom que fazem para comer, dividem conosco. Não adianta dizer que não precisa trazer, porque eles trazem e pronto. E tudo o que preparam dizem que é "à moda cigana".
Várias tardes, ficamos juntas um longo tempo conversando.
Pediram-me que alfabetizasse apenas o jovem de 17 anos. Ele precisa saber ler para ter a habilitação de motorista, porque dirigir ele já sabe muito bem.
Eu confesso que gostaria de alfabetizar as mulheres. Acho um grande atraso e uma enorme dependência, elas não saberem ler nem escrever.
Fiz um livro improvisado para a jovem tentar ensinar o que sabe das letras para o marido, mas não levei fé que isso ia dar certo. Para minha surpresa, os dois estão estudando juntos à noite e ela ainda anota o dia de cada lição. É uma pedagogia à moda antiga, mas é a alternativa possível.
Outro dia, ele me mostrou o que tinha aprendido e até leu algumas palavras. Verifiquei que falta ler e escrever com mais regularidade. Não há disciplina suficiente, mas o importante é que o jovem está motivado e voltou a se apresentar na escola à noite. Infelizmente, o período agora é de férias escolares e terá que aguardar o mês de agosto.

Parte 8 - Hipertensão

Um dia perguntaram-me se eu tinha medidor de pressão arterial. Eu levei e medi, desde aí virei uma pseudo-enfermeira da família. Até que outro dia, uma delas estava com a pressão muito alta e precisei levá-la ao Posto de Saúde do balneário.
Medicada, voltou para casa mais tranquila. Agora ficaram sabendo que eu dirijo.-tô ferrada.
No dia seguinte, as ciganas pediram uma caroninha até o supermercado. Elas pedem de um jeito que não dá de recusar. (Danou-se!)

Parte 9 - Trabalho comunitário?

Esse inverno está muito frio e úmido e dificulta a secagem das roupas. Imagine isso numa família grande. Por esse motivo, outro dia a vó cigana pediu-me para estender roupas no varal da nossa casa.
Gosto de ver roupas estendidas voando ao vento, então fiquei alegre em ver o pátio todo colorido.




















Prova de amizade    (Escrito em 21/08/2016)

Outro dia precisei submeter-me a um procedimento cirúrgico relativamente simples em outra cidade, sem . Nem comentei com elas, pois já sabia que se preocupariam comigo.
Ao voltar no mesmo dia, perceberam meu isolamento por conta do repouso necessário, então fui obrigada a explicar o motivo, pois vieram várias vezes à nossa casa.
Assim que souberam mostraram -se solidárias e reclamaram por não serem avisadas. Teriam ido junto - comentaram.
Passou-se uma semana e elas telefonaram, prepararam canja. O carinho e a atenção foi impressionante.
Não havia necessidade de tanta preocupação, mas trata-se de uma atitude normal entre os ciganos no momento que alguém querido está fragilizado. É prova de amizade!

Festa de aniversário (Escrito dia 23/08/2016)

A linda criança da família completou três anos. É um menino, que há pouco aprendeu a falar algumas palavras. Ao conhecê-lo fazia apenas gritos, sussurros, gestos e caretas. Com a convivência fui estimulando-o e ensinei-as a fazer o mesmo. Com paciência a expressão oral foi dando lugar a palavras - um misto de português e dialeto cigano.
No dia 20 de agosto ele teve uma festa pelo seu aniversário. Em um dia, as ciganas encomendaram a decoração, os salgados, doces e um lindo bolo, além da bela decoração. O ornamentação da festa não tinha características ciganas, seguia os moldes infantis.
O que deu um ar diferente foi a chegada de muitas famílias ciganas em carros e camionetas e a falazada. Os homens num lado e as mulheres de outro. Tanto eles como elas falavam o dialeto e o nosso português.
Nenhuma bebida de álcool, só guaraná e muita alegria.
Fui convocada para fotografar, mas não imaginei que seria tão difícil. Não existe ordem, nem pose todos se atravessam na frente da câmera. Foi aí que decidi registrar a festa por si só.
Imaginem uma grande mesa cheia de enfeites, doces e salgados em grande quantidade e as pessoas a vontade se servindo de tudo.
Depois chegou um carro de mensagem de carinho e tudo continuou assim... Tive dificuldade de achar o menino naquela confusão. Em breve, o animador se retirou talvez meio atordoado com tanta gente.
Veio então o momento do "Parabéns pra você" e continuou assim sem muita organização.
Conversando com uma cigana soube ao final todos se retiram ao mesmo tempo levando pratos recheados de coisas boas. E foi bem assim!
Em pouco tempo já não havia mais marcas da festa, tudo já tinha retornado à normalidade.
Reparei que a união é marcante, mas não há quase abraços e beijos entre eles. As pessoas apenas se cumprimentam oralmente e nem o aniversariante recebe muitos presentes. Aliás nem os vi, pra dizer a verdade.
O importante é que festejaram com alegria.





Obs: Abaixo os links de documentários sobre a cultura cigana no Brasil. Vale a pena assisti-los

Repórter Justiça- Ciganos

https://www.youtube.com/watch?v=RJFXUPPCSY8&feature=share

Vida de cigano verdades e mentiras (5 min)

https://www.youtube.com/watch?v=ls-DJesb8BI

domingo, 10 de janeiro de 2016