"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Os lencinhos

Andar com lencinho parece coisa de vovó. Bom, se parece e daí? Agora já sou vovó, mesmo.
É já faz um bom tempo que gosto de ter um lencinho na minha bolsa. Quem nunca usou não sabe como é útil e poderoso.
A toda hora surge uma necessidade. É o dedo que ficou melado, um espirro de surpresa, um machucadinho na boca, um esfolado no joelho, uma lágrima nos olhos.
Nem precisa procurar muito, que a situação aparece.
"Ainda bem que eu tinha esse lencinho, aqui." - é a frase certeira.
Já tentei usar um lencinho descartável, mas parece que não faz o mesmo efeito consolador. É mais higiênico e prático, mas muito frio.

Certa vez fui ao velório de um parente de minha amiga. Ela chorava muito, estava emocionada e esfregava os olhos, apertava o nariz. Foi quando lembrei do lencinho na bolsa. Cheguei bem próxima ao seu ouvido e lhe ofereci discretamente.
-Aceita um amassadinho?
Ela sacudiu a cabeça e entre-lágrimas segurou-o firme nas mãos.
Muitos meses depois disse-me que guardou-o de lembrança. Fiquei surpresa! Por quê?
Foi tão acolhedor receber aquele lencinho naquela hora. Não posso te devolver. Está numa bolsa, bem amassadinho.

Hoje, por exemplo, recebi um presente, em troca de um outro. Foi feito com todo o carinho por uma amiga. Até meu primeiro nome foi bordado nele.
Imaginem , o por quê?


                                      ... É,  o lencinho não pode ser descartável. Carinho, também não.

sábado, 27 de setembro de 2014

Readaptação


                                                                                                  Graças a Deus!

Estamos em período de readaptação. O terceiro neste ano. Aqui no sul precisamos nos readaptar toda vez que muda a estação, isso porque temos todas as temperaturas e diversas situações climáticas.
Agora estamos nos readaptando à primavera que não é somente uma estação de flores, tem muito vento, um friozinho intenso na sombra e calor ao sol. Se esquentar demais, é certo que chove e depois é mais certo ainda que esfria. Por isso nem devemos pensar em recolher os casacos, as mantas, mesmo se já requisitamos as camisetas.
Não tem organismo que resista tanta oscilação assim.  O resultado é a tosse, a gripe e as alergias.
Eu até resisti bem às intempéries do inverno, estava me sentindo poderosa , mas fui nocauteada no começo da primavera.
Agora é buscar na alimentação colorida as vitaminas para se reerguer e na visão das flores multicoloridas e nos dias mais bonitos, o ânimo necessário. Afinal,  readaptar-se é um bom exercício físico e espiritual.



sábado, 20 de setembro de 2014

Sentidos e sentimentos

Há coisas que nos reavivam a memória. São cheiros, sabores, imagens e sons que nos remetem a um momento tão remoto. 
É acalentador quando espontaneamente isso ocorre e podemos, por segundos, reviver aquilo que nos é tão significativo.

Hoje experienciei por duas vezes essas sensações. A primeira foi ao me deliciar com um bom-bocado de queijo.
O gostinho do queijo misturado com o sabor da gema do ovo me reportou imediatamente para uma festa campeira, muito alegre, onde tinham muitos doces, entre eles esse que estava provando. As cenas vieram a minha lembrança tão claras quanto as vozes das pessoas. A cada mordida uma reprise daquela festa. 

Mais tarde, estava no sofá da sala e o som de um ambulante me chamou a atenção . Era o amolador (afiador) de facas que me levou, novamente, de volta ao passado. Lembrei-me da minha antiga casa, da rua, ele sempre vinha pela manhã, na hora que as mulheres preparavam o almoço e para alertá-las tocava insistentemente aquela gaitinha.

                                          Filmagem do ambulante .(Deu tempo!!!)

As donas de casa corriam para afiar os fações. Dali em diante era só esperar um pouco para sentir de longe o cheirinho da carne assada, do charque no feijão ou da cebola frita para o arroz a provocar nossa fome. Saudade daquele tempo...

Que bom que o cérebro ainda resgata as memórias para fazer esse belo retorno.
                                                                      Obrigada, meu Deus!


(Uma homenagem a todos os doentes de Alzheimer com o sincero desejo que esses "sentidos e sentimentos" tão cedo não lhes faltem. 21 de setembro- dia mundial da doença de Alzheimer)

domingo, 14 de setembro de 2014


Esse desfile militar aconteceu na cidade de Santana do Livramento-RS, a "Fronteira da Paz" com a cidade uruguaia de Rivera no dia 7 de setembro de 2014. Eles estavam tocando o lindo hino da Independência. Apreciem!