Há coisas que nos reavivam a memória. São cheiros, sabores, imagens e sons que nos remetem a um momento tão remoto.
É acalentador quando espontaneamente isso ocorre e podemos, por segundos, reviver aquilo que nos é tão significativo.
Hoje experienciei por duas vezes essas sensações. A primeira foi ao me deliciar com um bom-bocado de queijo.
O gostinho do queijo misturado com o sabor da gema do ovo me reportou imediatamente para uma festa campeira, muito alegre, onde tinham muitos doces, entre eles esse que estava provando. As cenas vieram a minha lembrança tão claras quanto as vozes das pessoas. A cada mordida uma reprise daquela festa.
Mais tarde, estava no sofá da sala e o som de um ambulante me chamou a atenção . Era o amolador (afiador) de facas que me levou, novamente, de volta ao passado. Lembrei-me da minha antiga casa, da rua, ele sempre vinha pela manhã, na hora que as mulheres preparavam o almoço e para alertá-las tocava insistentemente aquela gaitinha.
As donas de casa corriam para afiar os fações. Dali em diante era só esperar um pouco para sentir de longe o cheirinho da carne assada, do charque no feijão ou da cebola frita para o arroz a provocar nossa fome. Saudade daquele tempo...
Que bom que o cérebro ainda resgata as memórias para fazer esse belo retorno.
Obrigada, meu Deus!(Uma homenagem a todos os doentes de Alzheimer com o sincero desejo que esses "sentidos e sentimentos" tão cedo não lhes faltem. 21 de setembro- dia mundial da doença de Alzheimer)