"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mix de culturas

Numa certa noite adormecemos numa cidade portuária, tranquila, influenciada pela colonização portuguesa, com um comércio expressivo de origem árabe e acostumados com um desenvolvimento a passos lentos. E de repente, acordamos sobressaltados com o PROGRESSO batendo forte e insistente na nossa porta, pedindo para entrar.  É mais ou menos assim que exemplifico a sensação que o povo da cidade de Rio Grande está vivendo atualmente.
Repentinamente, a população cresceu, o trânsito está confuso e com muitos congestionamentos, o comércio  vem faturando bastante, o sistema de saúde não consegue atender a demanda, há muitas ofertas de emprego e pouca mão de obra qualificada, enfim nossa cidade não é mais a mesma.
Nas ruas, nas escolas, nos restaurantes, por todo lugar ouve-se vários sotaques, há pessoas estranhas ao nosso convívio, que  se comportam de maneira diferente. São, geralmente, mais extrovertidas, falantes, porque estão acostumadas às regiões de clima mais quente, por isso não conhecem o frio intenso que nos torna mais quietos, reservados e tímidos. 
Lembro que no inverno as reconhecíamos facilmente, porque usavam moletons no lugar de casacos de lã, tremiam de frio, mas nem por isso abandonavam as bermudas e o chinelos tipo "havaianas", enquanto nós nos agasalhávamos com calças de lã, botas, luvas, blusões e toucas.As mulheres andam em bando com os filhos a tiracolo, porque são famílias em lugar estranho. Os homens não faltam ao "happy hour" com cerveja e a música funk, enquanto os daqui, ao final do dia, abraçam uma cuia do chimarrão, vão praticar esporte, mas voltam logo pra casa.
Para os novos habitantes, todo dia tem gosto de festa. Nós já precisamos de um bom motivo e no mínimo: um fim de semana. Acreditamos que há hora e lugar certo para tudo.
Isso é para dizer que estamos num choque cultural inevitável. Queremos o progresso, rogamos por ele, mas esquecemos das desacomodações naturais, de receber gentilmente nossas visitas.
E, hoje, lendo o jornal encontrei uma mensagem de Natal que me fez refletir. A cronista pedia ao Papai Noel assim: 
"... Se a cidade onde eu moro continuar a crescer, será mais uma benção.Mas, aqui, vou te pedir de verdade para o senhor não dormir no ponto.Muita gente veio morar aqui.Ajude-nos a ver mais o lado bom disso, culturas e hábitos diferentes com os quais haveremos de conviver, que seja, então, em paz e com respeito mútuo..." -jornalista Andréa Muller do Jornal Agora- Caderno Felizidade-p.2-dia 20/12/2012   http://www.calameo.com/read/000337975e9083942a0a4

E após a reflexão muito sensata e importante, que muitos devem fazê-la também, eu encerro pedindo que " Assim seja!"

Um comentário:

  1. Já estamos começando a nos acostumar e de agora em diante vai ser assim. Vamos ter que aprender a conviver com outras culturas.

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