"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




terça-feira, 4 de junho de 2013

Seu nome, por favor?


Quando criança, naqueles momentos de introspecção, quis saber o porquê da escolha de meu nome e minha mãe que era devota de "muito santos" explicou que a intenção foi homenagear à Nossa Senhora do Carmo. Com o passar do tempo encontrei mais algumas pessoas com meu nome e reconheço que, hoje, ninguém pensa em colocá-lo, já é considerado um nome antigo. Meu nome já foi personagem de novela, inclusive na interpretação de Susana Vieira em "Senhora do Destino". Nunca fui melindrada por ele, sinal que estou sabendo honrá-lo. Isso me deixa satisfeita com a escolha de meus pais.
É claro que hoje encontramos uma variedade de nomes diferentes e que as escolhas seguem os modismos e os de maior prestígio social.

Houve um tempo em que as terminações geravam nomes de senhores: Florêncio, Armênio, Bartolomeu, Irineu ou de senhoras: Georgina, Catarina, Diamantina, Vicentina, ... Tive uma tia que teve 11 filhos em todos colocou nomes que iniciavam com "J" sendo que o dela e do marido também iniciavam com esta consoante.

Os nomes evangélicos tiveram destaque: Paulo, João, Pedro ou os de Nossa Senhora como: Maria de Fátima, Maria de Lourdes, Maria da Glória. Ou ainda o acréscimo de "Maria" ao primeiro nome: Ana Maria, Lúcia Maria, Eva Maria, entre esses minhas irmãs foram batizadas. 

Os meios de comunicação tornaram conhecidos os nomes mais famosos, vieram então as homenagens: Getúlio, Roberto Carlos, Édison (Pelé), Margareth, entre outros.

Aqueles nomes compostos que os pais criaram para seus filhos, na maioria das vezes, só foi chamado por eles mesmos: Nívea Maria, Ana Lúcia, José Luis, Antonio Carlos,... As outras pessoas os abreviaram e só citavam o primeiro nome. Sabe-se também que algumas pessoas que receberam um nome composto, na verdade não gostaram de um deles e então o ignoraram para sempre, assinando abreviado ou escondendo a primeira letra ao assinar.
Outro dia conversava com um adolescente que seu primeiro nome era o mesmo do avô paterno, mas ele me revelou que nunca aceitou, por isso escondia de tal forma que ninguém o conhecia pelo nome completo. Sei também de uma senhora de 70 anos que simplesmente aboliu seu primeiro nome e hoje só sabem do seu nome completo as pessoas que, por algum motivo, tiveram acesso aos seus registros pessoais.

Ultimamente, uma forma muito usada é de alterar na grafia dos nomes, temos assim: Thainá, Tainá,Tayná ou Thuane, Thuany, Tuane; Taís,Thais,Thays; Kauã, Kauan; Rafael, Raphael, Raffael: Emili,Hemelli,Emilly,...
Minha preocupação é que essas pessoas vão precisar soletrar seus nomes pela vida inteira. Imagine quantas explicações terão que dar.

Conheci uma criança que aos 5 anos, durante o período de adaptação antes de ser adotada, ouviu uma história infantil e se identificou tanto com a personagem que pediu que fosse mudado o seu nome. Diante dos vários problemas que já tinha enfrentado e das argumentações de uma vida melhor com a mãe adotiva, a justiça autorizou a alteração.

Há ainda aqueles nomes que parecem tão bonitos para uma criança, mas inadequados depois de uma certa idade. Desejo que depois de ler esse post quem for escolher o nome de um filho procure refletir bastante sobre sua escolha, principalmente pensando no futuro, nas diferentes fases da vida. O nome, hoje em dia, em condições constrangedoras pode até ser alterado, mas se for uma boa escolha poderá se perpetuar na história. Nome é identidade. Pense nisso!  

Um comentário:

  1. Me incluo nesta narrativa, pois meu nome Paulo Roberto, só era pronunciado pelos meus pais, uma tia muito querida e um la que outro pronunciava. Eu mesmo coloco o primeiro nome e acrescento o último e assim que sou conhecido. Concordo que nomes que se escolhe quando recém nascido soa bem só período de criança, adolescente quando passamos por esta fase parece que o nome fica estranho, não combina.

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