"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




terça-feira, 13 de novembro de 2012

Autoridade com crianças


Hoje conversávamos sobre ter autoridade com uma criança. Esse item é muito discutível. 
Na situação de pais. queremos educar,ensinar o certo e o errado aos nossos filhos e quando é necessário somos firmes e insistimos numa ordem mesmo diante do choro deles.
Em todas as outras situações é preciso dosar e só ser exigente ao "pé da letra" quando somos "momentaneamente" os únicos responsáveis pela criança ou trata-se de uma situação de risco e prevenção.
Precisamos como cuidadores ser criativos e hábeis para conseguir que respeitem o nosso pedido ou alguma regra. De preferência, nada de choro nem gritos.
Lembro que no início da minha profissão como professora de educação infantil, costumava  sair sozinha com vinte alunos de 5 anos de idade, conduzia-os ao ônibus, fazíamos vários passeios. Nunca tive problemas nem acidentes, nem choro ou briga. Antes de sairmos fazíamos um acordo de amigos: toda a ordem da professora seria seguida por todos e bastava.
No ônibus tínhamos algumas rotinas a obedecer: eu era a última a subir e a primeira a descer; todos desciam com calma e davam a mãozinha a mim para descer os degraus, depois aguardavam quietinhos lado a lado até que o último chegasse à fila. Pelo caminho diversas pessoas nos ajudavam a atravessar uma rua, eu também procurava os caminhos mais seguros e o trânsito era mais calmo.
Algumas vezes levei uma ou duas mães. Era pior. Se fosse uma mãe protetora-ela só queria cuidar do seu filho, uma mãe ansiosa- agitava muito às crianças e uma mandona- não tinha limites na sua autoridade.
Alguns anos depois, num passeio próximo à escola, aconteceu um imprevisto: uma criança passou muito perto de uma janela de veneziana, aberta e feriu a cabeça. Por sorte, uma mãe me acompanhava e com um lenço socorreu a menina enquanto eu acalmava os outros alunos que ficaram um pouco assustados. Nesta hora eu percebi que realmente precisava de uma acompanhante. E que a obediência das crianças não era o suficiente, existe o inesperado e diante dele a quem cuidar?
A maturidade me fez mudar de opinião. Já não tinha mais os meus 18 anos de idade, já era mãe, tinha consciência do tamanho da minha responsabilidade com aqueles pequenos.
Hoje, se ainda trabalhasse diretamente com as crianças, sei que teria um excesso de zelo com elas. 
Sou assim quando estou com meu netinho. As ordens serão firmes quando o risco for presente. 
Do contrário, "vamos negociar", porque autoridade eu deixo para os pais.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui sua opinião ou comentário.Obrigada!