"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




domingo, 16 de março de 2014

O luto

Hoje, infelizmente, acompanhamos o velório do esposo de uma amiga. É triste e reflexivo ver a dor de uma família neste momento. As orações, os longos abraços e as palavras de carinho são confortantes, mas só quem esta passando por esse momento de despedida da convivência física sabe a intensidade de seus sentimentos.
Lembro que, antigamente, as pessoas era veladas nas próprias casas à portas entreabertas e só depois eram levadas num carro fúnebre, preto, com um cortejo lento até o cemitério. Após as pessoas enlutadas, principalmente as viúvas, usavam somente roupas pretas por um tempo bem longo, de um ano ou mais, conforme a intensidade de sua dor e superação. Às vezes aliviavam o luto mantendo apenas um faixa preta ao redor do braço esquerdo.
Na casa da família não se ouvia, por muito tempo, sons altos nem risadas.As pessoas se reservavam a qualquer extravagância.
Nos dias atuais, o comportamento neste sentido sofreu muitas alterações.As pessoas usam as redes sociais para comunicar os atos fúnebres, mandar manifestações de compadecimento aos familiares da pessoa falecida e até mensagens de carinho ao próprio desencarnado (um pouco estranho).
Sem julgar qualquer atitude de outrora ou de agora é inegável que o sentimento de perda e de imensa tristeza ainda permanece, apenas a forma de superar essa difícil fase é que se atualizou de acordo com os novos tempos.
Talvez fosse mais correto deixar que somente as pessoas mais íntimas acompanhassem os últimos momentos, mas há pessoas que se sentem prestigiadas com um velório lotado.Cada um interpreta de uma maneira.  
Eu acho que o que se faz em vida é o que importa, principalmente se foi com carinho e respeito. O restante são apenas atos obrigatórios ou compromissos sociais.
O que fica está guardado no fundo do coração de cada um, nas boas lembranças e na herança de caráter ou de amizade.
Não creio que tudo que se vive seja em vão, então há de ser útil em algum momento ou espaço do universo. Se nós mudamos de uma postura cheia de reservas nos falecimentos de entes queridos para assumir outras mais expansivas, alguma razão deve ter. Ou se encara a morte de outro ângulo ou se dá novas interpretações a vida.

Um comentário:

  1. Acho que este momento deveria ser só dos familiares, pois tenho observado, que certas pessoas vão ao local para rever amigos, falar de outros assuntos, perdendo assim a verdadeira finalidade, que seria de se despedir da pessoa que está nos deixando.

    ResponderExcluir

Deixe aqui sua opinião ou comentário.Obrigada!