"Caso o cotidiano lhe pareça pobre, não reclame dele,

reclame de si mesmo que não é poeta o bastante

para evocar as suas riquezas."


Rainer Maria Rilke

Cartas a um jovem poeta.Porto Alegre: L&PM,2006.p.26




domingo, 25 de março de 2012

Quisera

 

Há algum tempo atrás, as pessoas se visitavam com certa frequência e nestes encontros as notícias eram atualizadas. Se a conversa ficasse mais longa então compartilhavam assuntos mais íntimos, seus sentimentos, enfim fatos estritamente particulares.
Hoje, as pessoas compartilham instantaneamente seus sentimentos, suas angústias, suas alegrias ao seu amigo especial, ao amigo “conhecido” e até a toda comunidade internauta. Compartilham desde a maior alegria do dia até a intensa tristeza. Tudo é socializado sem restrições.
Abrem-se as portas das casas, desmancham-se os muros, retiram-se as divisas, desnudam-se, desvelam-se, mas ainda se mantem senhas de acesso com a ilusória intenção: eu digo, eu assino, eu curto até aqui.
Um grupo muito reduzido de pessoas ainda resiste a participar de redes sociais ou a compartilhar gostos, pensamentos, imagens, qualquer coisa que as possa identificar.
Parece-me meio contraditório. As pessoas se revelam. Ao mesmo tempo, sabem que precisam se proteger. Neste mundo tecnológico, é difícil manter-se no meio termo. E é extremamente fácil perceber em que momento está cada pessoa, basta observar suas palavras, seus gostos musicais, suas mensagens, suas preferências. Eis então seu perfil.  Engana-se aquela pessoa que publica muito pouco de si e pensa que com isso nada se sabe dela.
Só tem um jeito de ficar um pouco escondidinha, é não usar a tecnologia. Mas será que isso é possível? O que você dirá quando perguntarem: “Qual é o seu telefone para contato, mesmo?”; “Diga-me seu e-mail, por gentileza?”;“Crie uma senha, por favor!”
  

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